quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sobre Lagartixas

Para quem não me conhece, me conhece há pouco tempo ou mesmo há um tempão, sabe que estou despertando aos poucos minha consciência para novas questões, abandonando modelos mentais que me acompanharam trinta e quatro anos de existência, através de muita leitura, "papo cabeça", acesso a vídeos e a uma infinidade de sites. Sinto-me feliz por isso, porque se há algo obrigatório em nossa caminhada a meu ver, é nos tornarmos críticos, evoluirmos, apreendermos o máximo que pudermos das “coisas do mundo” e enfim, nos posicionarmos. Hoje, ao ler o Jornal Agora, na coluna da Andrea Muller, http://www.jornalagora.com.br/site/content/caderno_feliz_idade/feliz_idade.php 
fiquei espantada com o tema: sua aversão a lagartixas e a forma como ela age para exterminá-las. Fiquei pensando na lagartixa (no tamanho dela, principalmente) e o que ela poderia fazer para se defender de sua oponente. Nada, coitada. Mais uma vez reli o texto e fiquei pensando que tipo de mensagem estaria nas entrelinhas e de que forma poderia refletir a respeito. Ela considera a lagartixa sua “arqui- inimiga”, “defende seu lar desse bichinho” e confessa se sentir perseguida por elas. E ela resolve esse problema matando a lagartixa, com requintes de crueldade, inclusive, exemplifica as formas mais adequadas considerando se proteger do seu pavor. Refleti a respeito: esse sentimento de medo, inimizade, pavor, povoa a mente de todos os animais humanos, inclusive a minha, “ora pois”, se todos nós deixássemos de lado nossa consciência, moral, lógica, resolveríamos esses tais sentimentos da mesma forma que a Andrea Muller. Aliás, não tenho dúvidas de que existem muitas e muitas pessoas agindo assim, tamanha violência instaurada em nossa sociedade. Dá muito mais trabalho agir de forma moral diante de uma questão e resolver a situação com o devido respeito, de forma responsável. Sei que alcançar o ensinamento da personagem de Hilarie Burton, a Deborah Owens, no filme “A vida secreta das abelhas” de 2008 ainda está muito distante de nossa realidade, mas se não começarmos a pensar sobre isso, mais distante ficará. No filme, a Deborah Owens era incapaz de matar insetos e fazia um caminho de doces para fora da casa para afastá-los.  É, se a jornalista se achou no direito de se sobrepor a outra espécie, e acredita que isso é “nobre” e justificável diante de suas razões e a faz dormir o “sono dos guerreiros”, isso parece absolver a todos os demais animais humanos que agem da mesma forma. É o “sinal dos tempos”.
Milene Baldez