Muitas pessoas pensam que recolher animais das ruas é a solução. Não acredito nisso. Não há condições ideais para animais em abrigos. É utopia quando se pensa nisso. Qual o animail que gostaria de viver preso a uma pequena corrente disputando o espaço com vários outros cães e gatos? Ou então em baias, fechadas, sem contato com pessoas, apenas o tratador quando alimenta e limpa? Quem tem condições ilimitadas de abrigar animais? Ninguém. Quem faz a opção de recolher animais de rua e abrigá-los, sem limite, está incorrendo num grande erro: para si e para os próprios animais. Os primeiros sinais de que existe superpopulação na tua casa é reduzir a qualidade da ração, pular vermifugação, não dar bola para as pulgas e carrapatos. O mais grave é quando a pessoa não se importa mais em tratar algum dos bichinhos doente ou então se algum deles morrer. Por isso, o grupo que participo não recolhe animais, não tem sede para isso. Pedimos ajuda. É mais racional pedir ajuda. Quem tem um cãozinho e quer ajudar temporariamente um outro animal que está precisando, tem mais condições de se dedicar a ele, do que se ele estivesse num abrigo. Temos alguns animais abrigados por voluntários. Tenho certeza que é o melhor pra eles do que ser "mais um" num "depósito de animais".
Só existem animais abandonados nas ruas porque nós mesmos permitimos isso. Há uma cidade exemplo em Buenos Aires, Almirante Brown, mais que o dobro que a população de Rio Grande, que tem sete animais no abrigo local (posição em 2010). Sabe o que isso significa? Que lá existe uma política agressiva do governo local que dissemina a guarda responsável e institui e promove a esterilização como forma de controle populacional. Não demorou muito para eles chegarem onde estão e também não custou muito: os valores investidos estão dentro da realidade de qualquer município. Vi o projeto no Seminário que participei em Bagé. Não precisa muito: boa vontade, trabalho, dedicação e envolvimento da gestão municipal. Ter sete animais abrigados numa cidade com mais de 500 mil habitantes faz parte de uma realidade que é possível perseguir. Ah, e não houve risco à preservação da espécie, como podem pensar algumas pessoas, já que aumentou o número de animais domiciliados.
Se por um momento tivessemos o dom da magia e conseguíssemos recolher todos os animais da cidade, não restando nenhum nas ruas, por quanto tempo vocês imaginam que essa situação iria permanecer? Eu arrisco algumas horas, talvez um dia. Perdi a crença na humanidade? Não, pelo contrário, acredito seriamente que podemos mudar, desde que tenhamos condições e conhecimento para isso. Por isso recolher animais não é a solução, porque a origem do problema não está naqueles que estão abandonados e sim, nas pessoas que abandonam seus cães e gatos a própria sorte. Pessoas que deixam seus animais procriarem sem ter nenhuma responsabilidade com o futuro dos filhotes. A causa do desequilíbrio está nas pessoas, mas a solução também.
Por enquanto, quando ainda não conseguimos "abraçar Rio Grande", cada um pode fazer a sua parte: esterilizar os animais sob sua guarda, mantê-los com saúde e até o fim de suas vidas. E quando sobrar amor e condições, ajudar algum errante que não teve a mesma sorte que os seus.
O limite entre a razão e a emoção no caso de animais abandonados é muito tênue. Digo que a emoção ganha em disparada, mas precisamos buscar a razão, sob a ameaça de não estarmos fazendo o bem. Abaixo segue uma matéria sobre uma Ong de Proteção Animal em São Leopoldo. Não condeno a presidente, só lamento.
Milene Baldez - Orkut
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BEM-ESTAR ANIMAL
Justiça de São Leopoldo condena presidente de ONG por maus-tratos
A Justiça de São Leopoldo condenou nesta semana a então presidente da Associação Leopoldense de Proteção aos Animais (Alpa), Ana Maria Gomes, por maus-tratos a animais mantidos sob sua guarda. A condenação é de 10 meses e 20 dias de detenção no regime aberto, além de multa equivalente a R$ 7,7 mil, segundo o jornal Zero Hora. De acordo com a denúncia, 355 cães e gatos mantidos na instituição entre abril e maio de 2009 ficaram sem comida, água e cuidados veterinários – conforme foi constatado pela fiscalização do CRMV-RS e divulgado pelo Informativo Online. Atualmente o canil está sob responsabilidade da prefeitura. Ainda cabe recurso à decisão.