quinta-feira, 15 de abril de 2010
História real
Então pessoal, encontrei esse texto na revista Seleções, numa seção chamada Pet Love!
Achei muito interessante por dois motivos:
1º a importância de telas nas janelas de casas e apartamentos
2º o amor incondoicional que uma pessoa pode ter por um bichinho que não deixou ela desistir de lutar por ele
Espero que gostem da leitura!!!
Meu amigo guerreiro
Um miado denuncia a presença de um gatinho no portão de casa.Sandra, uma amiga, trouxe o filhote da sua gata, conforme prometera à minha filha, Isabela.
Ele é branquinho, com algumas manchas escuras, tem olhos azuis e parece assustado.A felicidade toma conta da casa, Isabela corre feliz com seu animal e logo o chama de Nick.
Arrumamos a areia para ele, a comida, a água, e logo no primeiro dia, ele já fazia parte da família.Sempre companheiro, passando a maior parte do tempo ao meu lado, pois as crianças saíam para a escola.
Numa tarde, quando Nick ainda era pequenino, chovia muito.Eu trabalhava como enfermeira num pronto atendimento e liguei para casa, a fim de saber como estavam as crianças.Elas estavam bem.Mas uma forte correnteza desceu ladeira abaixo, derrubando o muro lá de casa, inundando tudo e arrancando as portas.
O primeiro a chegar em casa foi meu marido.A geladeira boiava.Lama para todo lado.Somente Nick nadava firme pela “lagoa” que havia se formado na cozinha, enquanto as crianças se protegiam no andar de cima da casa.Meu marido pegou-o no colo e logo eu cheguei.
A visão era muito triste, nossas coisas destruídas em questão de minutos...Resolvemos nos mudar.Fomos morar num apartamento no sexto andar de um prédio.Após alguns dias, todos já estávamos bem, e nos sentímos seguros, pois, naquela “altura”, a água não chegaria.
Mas o que não esperávamos era que Nick decidisse subir na janela de um dos quartos certa tarde e olhar para baixo, para nos ver, eu e as crianças, chegando da rua.
Ainda posso ouvir o seu miado anunciando a queda.As redes de proteção seriam colocadas naquela semana...Veio-me à mente um sonho que eu havia tido, algo branco caindo da janela do quarto, e eu podia sentir o esespero.Pensei na minha filha mais nova, e mandei fazer telas de proteção.Em meio aos gritos desesperados das meninas, tentei manter a calma.Quando Nick caiu no chão, ouvi um estouro.Pensei “MEU DEUS, ELE ESTÁ TODO ARREBENTADO” e as lágrimas saíram incontroláveis.Cheguei a prometer à Isabela outro gato.Como se isso amenizasse a nossa dor, que talvez fosse tão forte quanto a que Nick sentia naquele momento.
Ele caui na calçada, e arrastou-se para baixo de um carro estacionado em frente ao prédio.Consegui alcançá-lo e peguei-o no colo.Entramos no carro e corremos para a clínica veterinária – ele estava em estado de choque.
Após o atendimento inicial, o veterinário disse que só um milagre o salvaria; que ele poderia ficar com Nick. Dar-lhe remédios para aliviar a dor, nada mais.
Se Nick amanhecesse vivo, o médico me telefonaria, ou, caso o pior acontecesse, me ligaria ainda naquela noite.
Fomos para casa de luto, com medo de perder alguém que fazia parte da nossa vida.Rezamos para o telefone não tocar.Na manhã seguinte também não tocou, então decidi ligar.O veterinário achou por bem que eu o buscasse para que ele morresse em casa, afinal eu só iria gastar dinheiro, ele não tinha chance.Aquilo doeu no meu peito.
Pedi ao meu marido que fosse pegá-lo quando viesse para o almoço, e nesse meio tempo pensei: “-Quantas pessoas eu já havia atendido no pronto-socorro desenganadas pelos médicos e a pessoa saiu bem e saudável?Onde estava aquela mulher guerreira que lutava com amor pelos seus pacientes?”
Nick era especial como uma pessoa.Dediquei-me a ele da melhor maneira que pude.Montei uma mini UTI num cantinho do escritório e ali passei oito dias cuidando do nosso gatinho.Comprei soro, medicamentos...Muitas coisas aprendi – eu sabia cuidar de seres humanos, não sabia que gatos detestam tomar medicamentos por via oral.
Então, no terceiro dia, após muito empenho, e muitas críticas também, afinal existem pessoas incapazes de entender o amor que sentimos por um animal, chegaram a me dar a ideia de sacrificá-lo. E eu apenas respondia:Você seria capaz de sacrifica um filho, alguém que você ama, sem ao menos tentar salvá-lo?
Os dias foram passando e Nick só apresentou melhoras.Seus rins funcionavam direitinho.Depois de cinco dias, seu intestino, e no oitavo dia, após ser alimentado com conta gotas, Nick se levantou e, lentamente, foi até o pratinho de leite.
A alegria tomou conta da casa!Eu agradecida a Deus, e Nick, daquele dia em diante só progrediu.
Hoje ele pesa 6 kg, é lindo, enorme, sapeca, às vezes passa a noite fora brincando,e, pela manhã, quando meu marido sai para trabalhar, vem miando e pedindo para tomar seu leitinho.
Outro dia, quando o levei ao pet shop para banho e tosa, a veterinária, que não o conhecia, chamou-me a atenção: “Seu gato está muito gordo, corre risco de infarto se continuar grande assim.”
Fiz sinal de que concordava com a cabeçae saí devagar, pensando:você não conhece meu Nick; ele sobreviveu a uma queda de seis andares.Acha que a comida vai matá-lo?
Não mesmo!Ela não conhece a força de vontade de viver do nosso Nick, a sua fiel amizade e o carinho que demonstra todas as vezes que se deita sobre algum de nós e, gentilmente, entrelaça as patinhas pelo nosso pescoço, como se nos desse um abraço, talvez um dos abraços mais sinceros que possamos receber.
Ah!E não moramos mais no apartamento.Compramos uma casa, temos mais duas gatas e seis cachorros, mas esta é outra história, que qualquer dia desses, conto para vocês!
(Sônia Mara Padilha)