quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Onde estão os valores - por Ju Lisbôa -

Sempre tive muito apreço por crianças e, talvez por isso, sempre me recusei a acreditar que possam existir crianças más, pois, para mim, todos os seres humanos nasciam puros e bons e só com o passar do tempo ocorreria a perda dessas qualidades e se desenvolveriam a malícia e a maldade presente, de alguma forma, em todos os adultos.
Hoje, depois de presenciar crianças pequenas praticando atos de pura malevolência e selvageria gratuitas, não chego a descrer na pureza e na bondade dos que nascem, mas questiono por que essas qualidades infantis estão desaparecendo cada vez mais cedo de nossas crianças.
Quando penso nisso, não posso deixar de pensar em uma palavra: EDUCAÇÃO. E apesar de estar me formando professora e admitir que nós, professores, somos influentes formadores de opiniões para nossos alunos, não me refiro à educação que se aprende na escola, mas àquela que vem de casa e que, principalmente, se aprende através do exemplo dos pais.
Hoje, ao resgatar a cadelinha da foto que, além da dor do abandono, teve que suportar durante vários dias a agressão sem sentido de crianças sem um pingo de educação, compaixão e respeito pela vida do outro, não pude deixar de me perguntar:
Que tipos de valores os pais dessas crianças estão passando para seus filhos?
E a resposta me veio instantaneamente: vivemos em uma sociedade totalmente antropocêntrica, egoísta e hipócrita, onde um pai que dá uma palmada corretiva no filho é tido como um vilão, mas alguém que amarra um animal a um veículo e o arrasta por quilômetros, raramente é punido e, quando o é, paga uma pequena quantia e volta para casa, para a sociedade e para a própria vida, como se nada tivesse acontecido. E esses “valores” são passados diariamente para nossos filhos através da mídia e, principalmente, de uma educação medíocre, a maioria das vezes, praticada dentro de casa.
E quando falo em palmadas não estou de maneira alguma fazendo apologia á violência infantil nem dando méritos a quem a pratica, e sim falando das palmadas que minha mãe me deu para me educar e me ensinar o que era certo e errado: palmadas que não me deixaram marcas no corpo nem na alma, palmadas que não me deixaram traumas, palmadas que me fizeram ser o que sou hoje.
Penso nesses pequenos atrozes que espancaram a cadelinha e em tantos outros dos quais tenho tido notícias diariamente e não posso deixar de questionar e lamentar o futuro dessas crianças... Que seres humanos (?) serão? Quais serão os valores e princípios de um ser dito humano que, na infância, tem a capacidade de olhar um ser indefeso e debilitado como esse animalzinho e, além de não fazer nada para aliviar seu sofrimento, sente prazer em lhe proporcionar ainda mais dor?
Sinceramente? Sinto pena dessas pobres crianças, que têm sua inocência e benevolência naturais corrompidas dentro de suas próprias casas, através de uma educação egocêntrica. Mas sinto muito mais pena do nosso planeta, que certamente continuará a ser degradado pelos adultos que essas crianças se tornarão.
Sugiro que a tradicional pergunta “Que planeta você vai deixar para seus filhos?” seja substituída urgentemente por
“Que filhos você vai deixar para o nosso planeta?”
  
        Juliana M. Lisbôa


Juh, Coração Nobre, ainda tenho dúvidas que nossa natureza é essencialmente boa. Duvido que uma criança consiga apreender os limites do convívio em sociedade, o respeito a vida, sem uma orientação rígida e vigilantes dos seus responsáveis. Infelizmente, o desafio das pessoas do bem é grande: influenciar os demais a endireitar o caminho. Força, esperança, perseverança. A profissão que escolhestes é nobre e o Coração que tens é fundamental. Vamos seguir em frente. Fé! Sorte para esse anjinho!