sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Acorda!

Meus dias tem sido atribulados. O interessante seria inverter isso, o final do ano “light” e o início “power” , mas...  Enfim, estava eu indo pra casa ontem a noite, morta de fome, com a refeição pronta esfriando no banco do carona, quando avistei o cão boxer de um vizinho (distante) cobrindo uma cadela e o “guardião”, parado em pé ao lado dos cães, olhando. Reduzi a velocidade do carro, encarei esse senhor e segui meu caminho, só porque tinha ficado tão estarrecida com a cena, que demorei a agir. Nisso, ele se intimidou, atravessou a rua e volteu pra dentro do seu pátio. Resolvi voltar, fiz o balão na esquina de casa e parei em frente à casa desse senhor. Abordei-o: “Aquela cadela é de rua”? Ele: “Sim, sim”. Eu: “O que o senhor vai fazer com os filhotes que nascerem?” Ele: “Ah, nada não”.  Eu: “Tem tanto animal abandonado na rua, sofrendo e o senhor está contribuindo com isso”. Ele: “Tu não quer que nasçam mais, né? Ah, mas ele não vai ‘pegá-la’, estou aqui cuidando, quando ele pegar eu o chamo pra dentro. Estou deixando ele namorar um pouquinho”. Eu: “Olha, senhor, quando ele realmente ‘pegar’ a cadela, o senhor não vai conseguir chamá-lo e, de mais a mais, cães não precisam namorar”. Ele, sem jeito ficou me dando explicações e me garantindo que o cão não iria fazer “mal” para a cadela. Pra falar a verdade, nem sei se a cadela estava no cio, pois só estavam os dois, ou se era o início, nunca tinha visto ela, mas que o cão do “vizinho” estava animado, estava. Como vi que não teríamos mais evolução na conversa, me despedi e ele chamou o cão pra dentro. Esse boxer está com a barba branca, acho ele um amor, mas esse guardião é um sem-noção completo. Estudos da Organização Mundial da Saúde apontam que os cães semi-domiciliados, ou seja, que tem um teto e um (i) responsável , são os que mais contribuem para o aumento populacional dos animais errantes. Por causa de pessoas assim como essa, que moram ao lado de nossas casas, há tanto sofrimento para esses seres de quatro patas. Ora, mal sabe ele, que existe doença sexualmente transmissível em animais. O tumor de sticker é uma delas e o tratamento é quimioterápico. Bolhas crescem nas mucosas (órgãos genitais, nariz... ), o cão/cadela pinga sangue até ser tratado durante quatro semanas, com remédio que causa os mesmos efeitos colaterais aos humanos. Já perdemos a conta de quantos cães tratamos em dois anos. Além disso, o cão pode brigar com outros machos e se machucar seriamente, além dos presentinhos que virão ao mundo depois de sessenta dias, sabe-se lá como e com qual futuro. É tão fácil fazer a diferença na proteção animal, tão fácil e pela ignorância das pessoas, pouco se faz. (Milene Baldez)